Por Bruno Astuto

Uma das modas da segunda metade do século XIX eram os chamados “álbuns de confissões”, em que amigos passavam entre si formulários que gravassem sentimentos, pensamentos e opiniões em frases curtas, das quais se esperava que fossem as mais inteligentes possíveis.

O mais famoso deles talvez seja o de 1886, em que Antoinette Faure, filha do futuro presidente da França Félix Faure, convidou o amigo de adolescência Marcel Proust a preencher suas indagações. Aos 14 anos, o mestre da literatura já entregava sua verve. Por que defeitos você tem mais tolerância? “Pela vida privada dos gênios.” Sua virtude favorita? “Todas aquelas que não são específicas de nenhuma seita; as universais.”

Desde então, várias versões desses questionários inundaram livros, jornais, revistas e programas de televisão de todo o mundo, mas foi uma segunda leva de perguntas, a que Proust respondeu com 20 e poucos anos, que tornou esse tipo de entrevista um símbolo totêmico para destrinchar a alma de grandes personalidades ao longo do último século.

Nesta edição, estreamos a seção Questionário Proust com um dos maiores magos de comunicação do Brasil: Nizan Guanaes. Ele acaba de lançar um novo livro, em parceria com seu psiquiatra Arthur Guerra; “Você aguenta ser feliz?”, que atingiu o primeiro lugar da lista de best-sellers logo na pré-venda, é um raio X da grande reinvenção que Nizan produziu em sua vida pessoal e que acabou se refletindo em sua profissional.

Nossa “Revista Cidade Jardim” é totêmica por sua paixão pela moda e pelo universo criativo, mas não se pode falar em moda sem tocar nos modos que definem o nosso tempo. A maior resposta de Nizan não está em seu questionário, mas no fato de ele doar integralmente o lucro das vendas para a Casa Santa Teresinha, instituição que ele e nossa diretora de moda, Donata Meirelles, ajudam a manter para levar assistência social, serviços médicos e de prevenção a crianças que sofrem de doenças de pele congênitas. Disse certa vez o neomaratonista Nizan: “Não existe vida saudável sem abraçarmos causas. Sem razões maiores para viver, nós morremos ainda vivos”.

E, assim, colhemos vários depoimentos de amigos da nossa revista, que indicam as causas que podemos abraçar nesta virada de ano, como a nossa estrela de capa, Marina Ruy Barbosa, que criou há dois anos uma marca focada em sustentabilidade, slow-fashion e cuja primeira coleção contemplou totalmente a ONG Gerando Falcões. A Ginger só podia mesmo virar sucesso absoluto, e estamos muito felizes que tenha escolhido o nosso Cidade Jardim como seu endereço em São Paulo.

Ao cabo de um ano de tanta divisão e polarização, esperamos que 2023 nos una naquilo que nos faz humanos: o cuidado com o planeta, a esperança no futuro, o acolhimento das diferenças e o amor pelo próximo. São coisas que sempre garantirão a beleza neste mundo, assim como a força da indústria criativa dos artistas que estão por trás de cada marca que vive em nossos shoppings, como você pode conferir em todas as nossas páginas, editadas com maestria pelo nosso novo diretor de redação, o jornalista Sergio Amaral. Boas-vindas à sua sensibilidade.

Feliz 2023.